quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Inútil

"Inútil, a gente somos inútil"

Com essa frase de uma canção do Ultraje a Rigor é possível caracterizar grandíssima parte do que a imprensa disponibiliza como "informação", e este aspecto é cada vez mais percebido na mídia eletrônica, talvez por que neste espaço virtual não há muitos limites e um maior custo por página escrita e impressa, então vai se colocando um monte de lixo e as pessoas vão consumindo esse tipo de "informação". Mas há a necessidade de dizer também que se este tipo de "informação" é disponibilizada é porque há sim de fato um público que a prestigia e que anseia por esse tipo de notícia. Aí vem a pergunta, esse público é vítima ou cúmplice dessa atividade que em nada informa, apenas desvia das reais necessidades de conhecimento e de informação?

Pensar que muitas pessoas não têm o preparo (base educacional) suficiente para o discernimento correto e separação do que importa e do que é apenas fútil é uma via de raciocínio para entender o tamanho impacto e grande espaço que esse tipo de "informação" tem nas mídias cotidianamente. Mas quando se vê que grande parte dessas pessoas teve acesso à educação, até nível universitário, essa tese parece não ser a mais adequada. Daí surge outra questão, que é a discussão sobre o que essas escolas, instituições de ensino e professores têm ensinado a essas pessoas por aí a fora, e acredite, na grande maioria delas é apenas despejado um monte de conteúdo nos alunos visando a aprovação em provas de vestibular, o mais importante, que é a atividade de aprender a discernir, raciocinar, refletir e questionar os fatos cada vez menos é praticado dentro dessas instituições de ensino, que já há muito não formam cidadãos, formam vestibulandos. Mas essa é outra questão. A questão central ainda é se tais pessoas são vítimas ou cúmplices.

Então se não há base suficiente para o discernimento daquilo que se lê, essas pessoas são vítimas dessa imprensa, cada vez mais superficial e desinformante.

Mas se temos em mente que essas pessoas têm base para discernir e refletir sobre aquela "informação" ali posta à disposição, então essas mesmas pessoas são cúmplices dessa imprensa sem serventia, pois à medida que consomem e absorvem essas "informações" colaboram para a manutenção da existência desse tipo de imprensa, pois nesse mundo capitalista nada se sustenta e se mantém se não há consumo.

A alienação é cada vez maior, a manipulação aumenta à medida da falta de reflexão, a perda de tempo se faz presente a cada desvio do que realmente é importante para o dia a dia de cada um, de cada rua, de cada bairro, de cada cidade, país e, enfim, para todo o mundo, causando uma letargia no precesso de evolução de tudo e de todos.

Aos que se importam e não concordam, cresce a cada dia a insatisfação e a revolta, pois muitas vezes parece difícil sobreviver a tudo isso, pois sufoca, tira o ar e aponta o individualismo e o "salve-se quem puder" como solução.

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Faz tempo, hein!

Há algum tempo reluto em escrever, ora pela falta de inspiração, ora pela preguiça de ordenar o pensamento em letras, frases e orações. Bom, depois de passar o dia de ontem entre o trabalho de revisão e a escritura de um longo e-mai – que se deu em algumas horas, mas não de forma contínua, acho até que foi o mais extenso de toda minha vida, fiquei até curioso em relação ao número de caracteres – hoje tenho a marcha engatada para escrever. Mas digamos que estou em terceira marcha, a 60 por hora, na maciota, sem acelerar muito, apenas indo.

Então para manter a velocidade, vou transcrever um pouco do meu pensamento para a escrita daquele longo e-mail já citado, pois julgo este haver algumas ideias interessantes a serem refletidas. Então é isso.

Segue.


Com ímpeto questionador de sempre, e isso é assim desde que me reconheço como ser humano, no decorrer do tempo já acreditei mais em tudo isso ligado à espiritualidade, ética e ao bom caráter humano; em outros tempo acreditei menos, mas creio que minha fé, no geral, nunca desapareceu, no máximo enfraqueceu, e quando isso acontecia a vida se encarregou de fortalecê-la de novo, e acho que vai ser assim pro resto da vida, uma hora a gente acredita mais, noutras menos, mas desistir daquilo em que realmente acredito, jamais! E não tem jeito, o ser humano precisa sim ter alguma fé, e neste caso num sentido completamente desvinculado do aspecto religioso; trata-se da fé no sentido de acreditar "com unhas e dentes" em algo, seja lá no que for. Então se alguma herança até agora me foi deixada, creio que essa tal de fé tenha sido o que de mais valioso minha família deixou para mim. Se um dia descobrir que tudo isso é perda de tempo e que realmente o que importa é se desenvolver a partir das leis da selva da Terra, seja ela natural ou de pedra, em que vence o mais forte custe o que custar, paciência. O tempo não voltará e terei perdido tempo. Mas acredito que viver a partir das bases espirituais na Terra ainda seja o melhor a fazer. Se toda essa filosofia foi desenvolvida para manipular a mente humana e para "adestrar" o maior número de pessoas pelo mundo enquanto outras se aproveitam disso para poder construir impérios baseados no acúmulo de bens materiais, na falta de ética e desrespeito para com o próximo... paciência. Por enquanto não é o que acho, apenas vejo muito se utilizando desta questão para tal manipulação em detrimento do desenvolvimento próprio, egoísta e imoral. Digo isso porque nos dias de hoje vejo muito as pessoas se esconderem por trás da religião para justificarem seus atos e condições, e muitas vezes não concordo com a ideia de apenas se ancorar na religião e suas explicações para não fazer nada em termos "mundanos" e humanos para melhorar a situação por aqui na Terra.

Minha revolta ainda é grande ao enxergar o que poderíamos ser como indivíduos e sociedade e ao mesmo tempo em ver o atraso em que nos encontramos, TODOS nós de alguma forma estamos preso a pensamentos e ações que em muito pouco, ou nada mesmo, contribui no geral para uma vida menos sofrida por aqui. E é aí que tudo se complica de vez. Pois não sei direito hoje em dia no que mais acreditar. Ora penso que tudo está degringolando e que só de vez em quando um raio de luz e de sabedoria aparece por aí, mas em termos gerais é como se a vaca já tivesse ido para o brejo e de nada vai adiantar nossas ações e bons pensamentos, porque tudo está apodrecendo vagarosamente, como um dedo que precisava ser cortado, eliminado do todo, mas que não foi e dia a dia acaba por infectar as outras partes saudáveis até que o todo esteja comprometido.

Mas ora penso de forma mais ligada aos estudos científicos-históricos e percebo que na trajetória desde o surgimento e desenvolvimento da raça humana neste planeta até os dias de hoje há sim de fato a questão da evolução, esta tanto de caráter físico como psicológico. Seria então algo de animador, de otimismo mesmo, entender que no mundo tudo é demorado e que em tudo há o mais e o menos evoluído, e aí o aspecto de que nada caminha bem e muito por causa da brevidade da vida humana no planeta em relação à vida do próprio planeta. Hoje podemos viver até os 100 anos, para o planeta esses 100 anos não significa muito, a não ser que aconteça algo realmente grande e diferente, quebrando então o ritmo de tudo, tranformando significativamente as pessoas e/ou o próprio planeta.

Vivo entre esses dois jeitos de pensar, antagônicos, contrastantes, mas que sempre permeiam meus pensamentos, ora prevalece um – pessimista em relação a quase tudo –, ora prevalece o outro – otimista baseado em aspectos mais cintíficos do que de moral e ética humana. Esse impasse e incoerência dentro da minha mente me transtornam. Tomara um dia consiga resolver isso e acreditar em uma ou em outra definitivamente. Sempre pensando que na vida humana muita coisa não é absoluta, ou seja, a verdade de hoje pode ser o falso amanhã, e vice-versa, porque a reflexão deve sempre ser permanente, deve-se sempre ter o espírito questionador e assim buscar as respostas, que devem ser o mais possível coerentes entre si, como peças que vão se encaixando sem atrapalhar a outra, porque o conjunto é o que importa, mas é através de cada peça que o todo se forma; daí o valor único e equivalente de cada peça.

Para que um compreenda o outro, há a necessidade de uma boa comunicação, explícita e o mais clara possível. Não há mais epaços para não comunicar, de não dizer o que pensa, de se manter em silêncio. Ou pior ainda, de externar algo falso para agradar aos ouvidos de quem ouve, agindo de forma desonesta consigo próprio e para com os outros, em que a insinceridade impera. Nada disso ajuda, ao contrário, atrapalha, e muito. E ficar tentando imaginar o que o outro pensa em relação a qualquer coisa é perder tempo. Não perguntar a opinião do outro é faltar com a consideração e respeito ao outro que também consome oxigênio e tem as mesmas necessidades básicas para viver; é viver isolado numa bolha, e ninguém foi feito para viver numa bolha, então que não construamos uma para nós mesmo e pior, para os outros.

Mas há que se respeitar, acima de tudo, e entender que pensamos de maneira diferente, e neste caso sem julgamentos, principalmente em relação a melhor ou pior, muitas vezes se trata apenas de ser diferente. E se não fosse a diversidade de pensamentos a mediocridade imperaria. Divergir é evoluir, pois da divergência se busca a convergência, o acordo, a solução. Agora teimosia e estupidez não dá pra aceitar.

Imperar não parece ser também a melhor escolha. Respeito, negociação, confiança e convencimento criam as bases sólidas para se construir seja lá o que for.