terça-feira, 14 de outubro de 2008

O HORIZONTE MOVEDIÇO E OS INTERESSES DO BRASIL

Mais um texto muito bom que recebi via e-mail e que deixo aqui disponibilizado para leitura e, principalmente, reflexão.

AEPET – Associação dos Engenheiros da Petrobrás

Os homens de Estado desfibram-se no mundo inteiro, enquanto os recursos naturais minguam, aumenta a pressão sobre o consumo e ressentimentos afloram. Cada povo procura voltar-se para seu espaço e sua história, a fim de reunir forças e cruzar o horizonte movediço. Enfim, o nacionalismo está de volta. A campanha eleitoral norte-americana é orientada para conter a erosão do poder do país, mediante novo pacto de coesão interna. McCain aposta nos marines e em Wall Street para ficar 100 anos no Iraque; Obama diz confiar na força do povo. A Europa titubeia. Não pode arrostar o novo Kremlin, senhor do fogo do gás, do petróleo e das ogivas nucleares. Já arriscou muito, em sua gratidão a Roosevelt e a Marshall, pela ajuda na guerra contra os alemães e na reconstrução continental. Há sinais de moderação de sua postura, como a conclusão dos representantes da OSCE de que os georgianos se prepararam intensamente para a invasão e cometeram crimes de guerra na Ossétia do Sul – de acordo com as informações de Der Spiegel.

É nesse contexto que devemos examinar os nossos problemas. Temos que escolher entre continuar na política de entrega dos recursos naturais aos estrangeiros, ou retomar o projeto nacional de desenvolvimento de Vargas e Juscelino. O neoliberalismo, sob a bênção polonesa do papa Wojtyla, contrariava o senso da realidade e já se encontra perempto. A Inglaterra passa pela pior fase de sua economia, desde o fim da II Guerra Mundial, destruída pela deregulation de Mme. Thatcher, e os Estados Unidos financiam a guerra e o desatino consumista de sua sociedade com dinheiro chinês.

Temos questões urgentes a serem resolvidas, como as da soberania sobre a Amazônia, o aproveitamento dos grandes recursos minerais, entre eles os das jazidas de petróleo situadas abaixo da camada de sal da costa atlântica, e a integração dos grupos culturais diversificados de nossa população que a insensatez pretende transformar em nacionalidades.

Os interesses privados, associados ao capital estrangeiro, mobilizam-se para se apoderar do petróleo subsalino. Não admitem que haja novas regras. Querem continuar extraindo o óleo e repassando ao Estado a reduzida participação de menos de 40% sobre os resultados, decidida pelo governo anterior, quando, em outros países produtores, ela passa de 80%. O governo pretende mudar as regras do jogo, mesmo porque o cacife agora é outro. O monopólio da União sobre o petróleo autoriza o Estado a decidir o que fazer dele. Poderá o governo, como maior acionista da Petrobrás, convocar o aumento da capital da empresa, e aportar o valor das novas jazidas, a fim de elevar sua participação e fortalecer o controle acionário, ou criar nova entidade, a fim de administrar o imenso manancial descoberto.

A Vale do Rio Doce também deve alinhar-se ao projeto nacional de desenvolvimento. A empresa, na ânsia de livrar-se da identidade nacional, mudou o nome que a vinculava a Minas e ao Brasil, e se desfez de seu logotipo. Quando se toca nos emblemas, há poderosos interesses políticos em causa. A empresa caminha, resoluta, para a desnacionalizaçã o, mediante alianças internacionais suspeitas. O Estado ainda detém o poder de veto sobre suas decisões, mediante uma golden share. É hora de acompanhá-la mais de perto e fazer valer essa prerrogativa, ainda mais porque está sendo financiada generosamente pelo BNDES.

Temos de enfrentar, também, o falso problema étnico no país, antes que ele sirva aos que pretendem insuflar conflitos internos, a fim de destruir nossa soberania. Os negros, mediante o senador Paulo Paim, reivindicam cotas de empregos. Pretendem que 46% das vagas em empresas com mais de 200 trabalhadores sejam a eles destinadas. E aqui chegamos ao domínio do nonsense: é quase impossível saber quem é negro, e quem é branco no Brasil, um país – graças a Deus! – de mestiços. Seria impossível estabelecer os direitos proporcionais à composição genética dos mulatos, dos cafuzos, dos mamelucos e dos albinos. A regra provocaria disputa irracional entre os trabalhadores a partir do matiz de sua pele.

O problema social no Brasil não está na divisão entre brancos e negros, e, sim, entre pobres e ricos, como sabemos todos – menos alguns.

Mauro Santayana (jornalista)

maurosantayana@ jb.com.br

Publicado originalmente: Jornal do Brasil (01/09/08)

quarta-feira, 1 de outubro de 2008

Apenas faça.

Sabe aquilo que você está para falar, perguntar, expressar – seja o que for – a uma pessoa mas não o faz porque falta tempo, ou porque sempre surge algo que impede o contato ou encontro de vocês? Pois é, faça o que se pode fazer o quanto antes, pois a qualquer momento esta pessoa pode não mais estar acessível. E aí vai ficar por certo tempo, ou até para sempre, um sentimento de intensa culpa e frustração de continuar vivendo esta vida de forma cada vez mais acelerada e sem tempo para as coisas mais básicas da vida, como dizer um muito obrigado, um gosto tanto de você, ou até um te amo. Esse tipo de comunicação, de olhos nos olhos e entre duas pessoas ou mais, é que expressa uma das mais importantes e nobres características de um ser humano: a relação com o semelhante, seja mais próximo ou mais distante, necessária a cada humano que vive e habita esse planeta.

O poder da palavra é muito grande; pode originar os mais variados sentimentos negativos e positivos naquele que recebe a mensagem, ou naquele que emite a mensagem. Há que se ter muito cuidade com o que é dito, é verdade, mas não dizer pode ser muito pior. Como já se ouve muito por aí, é melhor errar tentando do que por não fazer nada. E é para os casos de errar que existem palavrinhas cada vez mais esquecidas: perdão, minhas desculpas, sinto muito, até um foi mal, não era minha intensão. E quando são ditas de forma sincera se percebe tal sinceridade, aí fica a cargo de cada um entender e querer perdoar, desculpar ou até dizer um relaxa, não foi nada, desencana.

Então vá lá, encontre as pessoas, olhe nos olhos delas e diga o quanto elas são importantes na sua vida, o quanto você as considera, o quanto você as ama. Isso é ser humano.

Esqueça a internet. Duvido que você não tem dez segundos para isso. Pegue o telefone, respire fundo e diga o que tem vontade de dizer, sinceridade, carinho, atenção, afeto, todos estes sentimentos são possíveis de se perceber apenas em se ouvir uma voz. Já é algo mais humano.

Apenas faça. Daqui a pouco pode ser tarde demais. E o tempo é implacável com todos.