segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Letras, pra quê?

Sensacional a contribuição de um amigo "das Letras" à reflexão do curso de Letras no Brasil, quiçá no mundo, atentando para a situação da educação em geral no Brasil. Segue seu texto na íntegra.
"Atendendo a pedidos, publico aqui o texto da minha conferência no EBREL. Está liberado para divulgação ampla e irrestrita."

CURSO DE LETRAS? PRA QUÊ?
MARCOS BAGNO

Vou começar essa conversa com uma afirmação clara e simples: a situação dos nossos cursos de Letras é catastrófica. Qualquer um: seja de universidade pública prestigiada em grande capital, seja de pequena faculdade isolada no sertão, a diferença é pouca. É doloroso ter que admitir isso. É angustiante, para uma pessoa apaixonada pelo estudo da linguagem em todas as suas manifestações, ter de escrever essas palavras: os nossos cursos de Letras são uma catástrofe. Por quê?
Para começar, o próprio nome — Letras — revela um apego a concepções de educação e de formação de cidadãos (no masculino mesmo) que vigoravam no século XIX e que, depois de tantas revoluções ocorridas nas ciências e nas sociedades humanas, não tem mais nenhuma justificação séria para continuar existindo. É deprimente saber que a pessoa que conquistou uma vaga num curso de Letras vai ingressar numa estrutura acadêmica obsoleta, anacrônica, que foi delineada há pelo menos duzentos anos.
O estudo das “Letras” ou das “Belas Letras”, como também se dizia, era regido por ideias e ideais muito elitistas, aristocráticos (além de sexistas, já que as mulheres não estavam incluídas neles), por critérios antiquados de elegância e bom gosto, o que fica evidente já pelo uso do adjetivo “belas”. O que se cultivava e cultuava nas “Belas Letras” era uma literatura clássica, toda composta de autores devidamente mortos e enterrados: só merecia estudo a “grande” prosa, a “grande” poesia, a “grande” dramaturgia... Literatura oral? Nem pensar! Literatura alternativa, marginal, transgressora? Deus nos livre! Literatura escrita por mulher? Imagine! Desde quando as mulheres escrevem coisa séria? Literatura de autor vivo? De jeito nenhum: era preciso que ele fosse devidamente “imortalizado” pelas Academias de Letras (que não têm esse nome por acaso, já que também são instituições elitistas, anacrônicas e obsoletas).
No que dizia respeito às línguas, o espírito (ou o fantasma?) era o mesmo. Só eram estudadas as línguas “clássicas” (o latim, o latim e principalmente o latim... o grego, só para os gênios mais ousados), as línguas modernas mais prestigiadas (o francês, o francês e principalmente o francês...) e, no tocante ao português, única e exclusivamente a língua considerada “correta”, “pura” e “elegante”, sempre colhida da obra daqueles mesmos “grandes” escritores. Com isso, o ciclo se fechava sem nenhum atrito nem aperto: “literatura” era só um conjunto seleto de obras que, por sua vez, eram escritas num modelo muito restrito de “língua correta” que, por sua vez, era a única manifestação merecedora do rótulo de “língua portuguesa”. Daí o nome de “Letras”: só o que era escrito, e escrito por poucos, era objeto de estudo.
A Faculdade de Letras de Paris, por exemplo, oferecia os seguintes cursos quando foi criada, em 1808: Literatura Grega; Eloquência Latina; Poesia Latina; Eloquência Francesa; Poesia Francesa. Precisa de comentários?
No que diz respeito ao estudo do português, é preciso lembrar que a inclusão da língua portuguesa como disciplina curricular (nas escolas e nas faculdades) só ocorreu no Brasil nas últmas décadas do século XIX, já no final do Império. Tratado exclusivamente em sua vertente literária consagrada, o português era estudado com a mesma metodologia empregada para o estudo das línguas mortas: dissecado em frases soltas, por sua vez dissecadas em seus elementos constitutivos que eram devidamente rotulados de acordo com as classificações herdadas da gramática grega e latina. Tarefas como fazer a análise sintática de estrofes d’Os Lusíadas ou do Hino Nacional Brasileiro eram o padrão. Qualquer semelhança com a autópsia de um cadáver não é mera coincidência! Não espanta o horror que as “aulas de português” provocavam (e ainda provocam) em tanta gente.
Com o surgimento da ciência linguística moderna, no início do século XX, poderíamos imaginar que uma grande revolução abalaria essa arquitetura aristocrática, derrubando os velhos templos beletristas neoclássicos, mofados e insalubres, para, no lugar deles, se erguerem edifícios arejados, iluminados, funcionais, onde a ciência poderia transitar à vontade. Nada disso, porém, aconteceu. A disciplina chamada Linguística só foi incorporada ao currículo oficial dos cursos de Letras no Brasil no ano de 1961. Quando a Faculdade de Letras da Universidade de São Paulo foi criada, em 1934, um dos formuladores do currículo escreveu que era preciso ensinar português correto aos brasileiros porque falavam muito mal a língua. Está lá, nos registros. E é com esse espírito colonizado que a grande maioria dos nossos cursos de Letras vive até hoje. Basta conversar com alguns docentes mais antigos da UnB para verificar isso.
Os estudos científicos foram sendo incorporados aos cursos de Letras no Brasil de maneira desordenada, sem planejamento curricular adequado, simplesmente com o acréscimo de uma disciplina aqui, outra ali, mais algumas acolá. Não é por outra razão que o nome do curso permaneceu intacto, mesmo com a anexação de disciplinas provenientes de perspectivas científicas mais atualizadas. Se a gente investigar a lista das unidades acadêmicas das grandes universidades brasileiras, vai topar sempre, em todas elas, com alguma coisa do tipo Faculdade de Letras ou Instituto de Letras. Exceção digna de nota é o Instituto de Estudos da Linguagem (IEL), da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), e seu caráter excepcional se deve, entre outras coisas, ao ano de sua criação (1976), no âmbito de um projeto universitário inovador para a época. Mesmo assim, o IEL oferece atualmente uma graduação em... Letras!
Em vez de se promover a implosão do curso de Letras, totalmente inadequado para abrigar as novas concepções científicas do século XX, o que se promoveu foram “puxadinhos”, como muitas pessoas costumam fazer em suas casas: para não ter de derrubar um imóvel e reconstruí-lo de maneira a torná-lo adequado aos fins que se deseja para ele, vai se construindo novos cômodos e anexando eles na casa já existente. Assim, os cursos de Letras começaram a se tornar o que são até hoje: verdadeiros Frankensteins acadêmicos.
Muitos dos profissionais que atuam nos cursos de Letras parecem se negar (consciente ou inconscientemente) a admitir que a vocação natural do curso é a formação de docentes de português e/ou de línguas estrangeiras, numa recusa que se contrapõe às diretrizes do próprio Ministério da Educação no que diz respeito à formação docente. Os mestres e doutores que professam nas Letras se comportam como se estivessem ali para formar grandes escritores e críticos literários, ou filólogos e gramáticos do perfil mais tradicional possível. Alguns poucos, bem intencionados, mas iludidos, acreditam que vão formar futuros linguistas, pesquisadores sintonizados com a ciência moderna. Com isso, somos obrigados a ministrar, como professores, e a cursar, como estudantes, disciplinas totalmente irrelevantes para a formação docente e, ao mesmo tempo, deixamos de lado todo um conjunto de teorias e práticas que são de primeiríssima necessidade para que alguém que se forme em “Letras” possa trabalhar em conexão com o que se espera, hoje, de um professor de língua.
Aqui na UnB, por exemplo, muitas das disciplinas de sintaxe são dadas exclusivamente na perspectiva do gerativismo chomskiano, uma teoria linguística que, por mais interessante que seja do ponto de vista filosófico, não tem contribuição nenhuma a dar para alguém que, saindo da universidade, vai ter que enfrentar a prática da sala de aula. A tentativa que se fez, nos anos 1970, de aplicar o gerativismo ao ensino de português foi um estrondoso desastre. Valeria mais a pena usar esse precioso tempo de formação para o estudo aprofundado e crítico da tradição gramatical, que ainda domina com muito vigor o imaginário social acerca de língua e linguagem. O resultado é que as pessoas se formam em Letras sem dominar a teoria gerativa (o que, aliás, é impossível porque seu fundador destrói e reconstrói regularmente a teoria a cada tantos anos...) e sem conhecer a tradição gramatical (o que seria importantíssimo), mas somente um conjunto de afirmações pejorativas a respeito dela, que em nada contribuem para a formação de quem vai ter que lidar com a gramática em sua vida profissional.
Em contrapartida, aqui e em praticamente todos os cursos de Letras, milhares de estudantes saem da universidade sem sequer ter ouvido falar (ou tendo ouvido falar muito vagamente) de gramaticalização, pragmática, discurso, letramento, gênero textual, enunciação, sociocognitivismo, sociointeracionismo, sociologia da linguagem, políticas linguísticas, crioulização, diglossia, teorias da leitura, relações fala/escrita... áreas de pesquisa e de ação fundamentais para que se tenha uma visão coerente do que é uma língua e do que significa ensinar língua.
Para piorar, essas mesmas pessoas também saem acreditando que existe “oração sem sujeito” e “sujeito oculto”, que existe uma “voz passiva sintética”, uma “terceira pessoa do discurso”, uma diferença entre “adjunto adnominal” e “complemento nominal”, acreditando que as palavras porém, todavia, contudo são “conjunções adversativas”, e outros mitos e superstições que nossa tradição gramatical insiste em preservar e que os cursos de Letras não se empenham, como deveriam, em criticar e substituir por conceitos mais afinados com a teorização e com a pesquisa científica contemporâneas. A probabilidade de encontrar um recém-diplomado em Letras que saiba explicar, por exemplo, o que é um fonema sem repetir o erro teórico de que se trata de um “som da língua” é quase a mesma de encontrar uma agulha num palheiro. Mais desastroso ainda é encontrar essa definição completamente equivocada na maioria dos livros didáticos (escritos por pessoas formadas em... Letras).
Na grande maioria dos cursos, o único contato que o estudante tem com a ciência da linguagem e sua história se dá através de uma disciplina chamada “Introdução à Linguística” ou coisa parecida, muitas vezes num único semestre, e que, frequentemente, se interrompe justamente onde deveria começar: no nascimento da Linguística moderna, inaugurada pelos trabalhos de Ferdinand de Saussure (publicados em 1916...).
Com isso, quando se veem diante da tarefa de escolher uma coleção de livros didáticos de português dentre as que lhe são oferecidas pelo Ministério da Educação, essas pessoas quase sempre optam pelas coleções mais conservadoras, menos desafiadoras, justamente as que recebem as avaliações menos favoráveis da parte dos especialistas encarregados pelo Ministério de analisar as obras didáticas disponíveis no mercado. E como poderia ser diferente se, em sua formação acadêmica, esses professores jamais foram apresentades aos critérios usados pelo MEC para avaliar livros didáticos, se jamais entraram em contato com as teorias de ensino-aprendizagem de língua materna que sustentam hoje em dia as políticas oficiais de educação linguística?
Além desses problemas que têm a ver com a própria estrutura dos cursos de Letras, existem outros, mais amplos e muito mais trágicos. E o mais grave deles se resume na seguinte frase, tirada de uma notícia de jornal:
Somente 25% dos brasileiros que têm entre 15 e 64 anos dominam a leitura e a escrita, de acordo com resultados do 5º Inaf (Indicador Nacional de Alfabetismo Funcional).

Em qualquer país que tivesse uma história educacional diferente da brasileira, isto é, em qualquer país onde a educação fosse uma verdadeira prioridade nacional, uma notícia como essa teria o efeito de um terremoto de proporções arrasadoras. Mas o que estou dizendo? Em qualquer país onde a educação fosse uma questão nacional de primeira ordem, uma notícia como essa jamais seria publicada! E o pior é que essa notícia se refere aos resultados do Inaf (Indicador Nacional de Alfabetismo Funcional) em sua edição de 2005. Em 2012, com os novos dados do Inaf, a situação catastrófica descrita permanece inalterada, sete anos depois: 75% dos brasileiros entre 15 e 64 anos são analfabetos funcionais. A notícia foi publicada. Não aconteceu nenhum terremoto e, pelo visto, ninguém se apavorou a ponto de merecer destaque na imprensa. Afinal, a nossa imprensa só se preocupa em mentir e deformar a opinião pública com histórias que ela mesma inventa e transforma em minisséries ou novelas de sucesso.
O quadro absolutamente precário do alfabetismo no conjunto geral da população brasileira se reflete também no conjunto menor do nosso professorado. O desprestígio que vem acompanhando fielmente a profissão docente nas últimas quatro ou cinco décadas — devido à degradação progressiva e permanente das condições de trabalho e aos salários aviltantes — tem levado a uma redução drástica do contingente de pessoas bem formadas, bem letradas e de origem socioeconômica privilegiada (classes médias e médias altas) que querem se dedicar ao ensino básico. Daqueles 25% de brasileiros com nível pleno de alfabetismo, quantos estão hoje em sala de aula de escolas públicas? Abandonados por essas camadas sociais, os cursos superiores voltados para a formação de professores são procurados cada vez mais por pessoas originárias de grupos sociais em que as práticas letradas (leitura e escrita) são muito restritas, quando não são praticamente nulas. É o que podemos ler nesta outra reportagem:
O professor formado pelas universidades brasileiras é filho de pais que nunca foram à escola ou nem sequer completaram os quatro primeiros anos do ensino fundamental. Vive em famílias com renda inferior a R$ 1.800/mês e estudou sempre em escola pública. [...] O questionário socioeconômico do provão de 2001 do Ministério da Educação mostra que os formandos de cursos como pedagogia, letras, matemática, biologia, física e química (os mais procurados pelos que pretendem ser professores) têm perfil distinto dos que saem de cursos mais concorridos, como medicina, ou de oferta mais comum nas faculdades, como direito e administração.

Esses números significam muita coisa. Significam que esses estudantes têm um histórico de letramento muito reduzido: no ambiente familiar, não convivem com a cultura letrada, não têm acesso a livros, revistas, enciclopédias etc., não são falantes das normas urbanas de prestígio (as mesmas que supostamente terão de ensinar a seus futuros alunos) e têm domínio escasso da leitura e da escrita. Só na faculdade é que a maioria dos estudantes de Letras vai ler, talvez pela primeira vez na vida, um romance inteiro ou um texto teórico mais complexo. As pessoas que atuam em nossos cursos superiores de Letras, porém, fazem de conta que esses estudantes são ótimos leitores e redatores e despejam sobre eles, logo no primeiro semestre, teorias sofisticadas, que exigem alto poder de abstração e familiaridade com a reflexão filosófica, junto com textos de literatura clássica, escritos numa língua que para eles é quase estrangeira. E assim vamos nos iludindo e iludindo os estudantes.
O resultado, volto a insistir, é que grande parte dos futuros professores de português saem diplomados sem saber linguística, sem conhecer a tradição gramatical, sem saber teoria e crítica literária e sem conseguir escrever adequadamente um texto de qualquer gênero mais monitorado. Todos os dias, eu recebo mensagens de formandos de vários pontos do país que me pedem sugestões de temas e de leituras para seus trabalhos de conclusão de curso. Alguns até me enviam seus projetos: são textos repletos de erros primários de ortografia, pontuação, sintaxe, vocabulário, com frases truncadas e desconexas, além de abordagens teóricas pobres, superficiais, quando não distorcidas, reveladoras das grandes dificuldades de leitura e compreensão de textos teóricos mais densos. É assim que essas pessoas chegam ao final do curso, e suas monografias, mal escritas, sem nenhum rigor teórico ou metodológico, são aprovadas alegre e irresponsavelmente por seus (supostos) orientadores. E a coisa prossegue no Mestrado e no Doutorado, onde são aprovadas dissertações e teses que não poderiam servir nem como trabalho de disciplina de graduação.
O problema, é claro, não está no fato de acolhermos na universidade pessoas vindas das camadas mais desfavorecidas da população. Ao contrário, isso tem de ser amplamente comemorado. O problema é não oferecermos a essas pessoas condições de, primeiramente, se familiarizarem com o mundo acadêmico, que é totalmente estranho para elas, por meio de cursos intensivos (e exclusivos) de leitura e produção de textos, de muita leitura e muita produção de textos, para só depois desses (no mínimo) dois anos de preparação elas poderem começar a adentrar o terreno das teorias, das reflexões filosóficas, da literatura consagrada. É urgente a necessidade de letrar os estudantes de Letras que estão entre os menos letrados da universidade! É por isso que as salas de aula do ensino básico estão ocupadas por professoras e professores que, mal sabendo ler e escrever adequadamente, não poderão desempenhar sua principal tarefa: ensinar a ler e a escrever adequadamente!
Eu fiz uma pesquisa sobre como escrevem as professoras e professores de português do Distrito Federal. Coletei centenas de textos escritos por essas pessoas e o que tenho em meus arquivos é uma demonstração concreta de tudo o que falei até agora: mais de 80% de textos incompreensíveis, sem os requisitos mínimos de coesão e coerência, repletos de erros ortográficos, de pontuação, de concordância e por aí vai. Se assim escrevem os docentes, como podemos esperar que seus alunos possam aprender a escrever?
Por isso, aproveito esse momento em que estou falando diretamente aos estudantes de Letras para pedir que vocês se conscientizem de todos esses graves problemas que são, como sempre, problemas de ordem política e que precisam de uma solução política. Organizem-se, reivindiquem seus direitos, exijam uma transformação radical na estrutura mesma do curso, a começar pelo nome, que é uma vergonha para qualquer curso que pretenda ter uma natureza minimamente científica. Exijam que a universidade ensine a vocês o que vocês precisam aprender para atuar em sala de aula. E exijam também condições de trabalho dignas para nossos professores, salários decentes, investimento contínuo e crescente na educação. Não adianta nada o Brasil ser a 7a economia do mundo capitalista e ocupar ao mesmo tempo o posto número 65 no índice de qualidade de educação estabelecido pelas Nações Unidas. Estamos bem atrás da Argentina, do Chile e até mesmo da Bolívia, o país mais pobre da América do Sul.
O Brasil tem avançado muito nos últimos dez anos. Mas esses avanços foram conseguidos a duras penas, por meio de um reformismo social aliado a um pacto conservador. No campo da educação, as coisas estão estagnadas. Há mais de dez anos o índice de alfabetismo funcional não se move: 75% dos brasileiros entre 15 e 64 anos são analfabetos funcionais. E se nós, comprometidos com a educação, não fizermos nada, certamente não será esse pacto conservador que vai fazer. Obrigado.

quarta-feira, 31 de outubro de 2012

Obrigado, Drummond.

Não gosto dessa de dia disso, dia daquilo... mas... não vivo numa bolha... vivo em São Paulo, onde há o universo. E gosto de Drummond.

Como no dia de hoje, 31 de outubro, foi instituído o "Dia D" – quiçá pelos "aliados" do Saci e da mais bela forma de comunicação com as letras, a poesia, contra a bruxa do Halloween –, segue um dos meus preferidos de Drummond.






A Flor e a Náusea  

Preso à minha classe e a algumas roupas,
vou de branco pela rua cinzenta.
Melancolias, mercadorias espreitam-me.
Devo seguir até o enjôo?
Posso, sem armas, revoltar-me?

Olhos sujos no relógio da torre:
Não, o tempo não chegou de completa justiça.
O tempo é ainda de fezes, maus poemas, alucinações e espera.
O tempo pobre, o poeta pobre
fundem-se no mesmo impasse.

Em vão me tento explicar, os muros são surdos.
Sob a pele das palavras há cifras e códigos.
O sol consola os doentes e não os renova.

As coisas. Que tristes são as coisas, consideradas sem ênfase.
Vomitar esse tédio sobre a cidade.
Quarenta anos e nenhum problema
resolvido, sequer colocado.
Nenhuma carta escrita nem recebida.
Todos os homens voltam para casa.
Estão menos livres mas levam jornais
e soletram o mundo, sabendo que o perdem.

Crimes da terra, como perdoá-los?
Tomei parte em muitos, outros escondi.
Alguns achei belos, foram publicados.
Crimes suaves, que ajudam a viver.
Ração diária de erro, distribuída em casa.
Os ferozes padeiros do mal.
Os ferozes leiteiros do mal.

Pôr fogo em tudo, inclusive em mim.
Ao menino de 1918 chamavam anarquista.
Porém meu ódio é o melhor de mim.
Com ele me salvo
e dou a poucos uma esperança mínima.

Uma flor nasceu na rua!
Passem de longe, bondes, ônibus, rio de aço do tráfego.
Uma flor ainda desbotada
ilude a polícia, rompe o asfalto.
Façam completo silêncio, paralisem os negócios,
garanto que uma flor nasceu.

Sua cor não se percebe.
Suas pétalas não se abrem.
Seu nome não está nos livros.
É feia. Mas é realmente uma flor.

Sento-me no chão da capital do país às cinco horas da tarde
e lentamente passo a mão nessa forma insegura.
Do lado das montanhas, nuvens maciças avolumam-se.
Pequenos pontos brancos movem-se no mar, galinhas em pânico.
É feia. Mas é uma flor. Furou o asfalto, o tédio, o nojo e o ódio.





Fonte da foto: http://www.floresyplantas.net

terça-feira, 30 de outubro de 2012

Os muros

Bom texto. Apenas acrescento, por fazer parte dela, que uma certa linha de pensamento se espalha por todos os segmentos, desde funcionários, alunos, professores e diretores, em que a própria USP vem se colocando como uma "bolha social", criando muros que a distanciam cada vez mais tanto do poder público quando da própria cidade e sociedade em geral. E os portões, físicos e virtuais, de acesso à maior universidade da América Latina, estão cada vez mais altos, mais vigiados e mais fechados à grande maioria. Uma pena.


VLADIMIR SAFATLE
Um muro
Em seu discurso da vitória na eleição para prefeito de São Paulo, Fernando Haddad lembrou dos muros da desigualdade a que a cidade está submetida. Este tema dos "muros" merece, de fato, ser mais discutido, pois eles conseguem se perpetuar ao longo das sucessivas administrações que passam pela prefeitura.
Um dos muros mais impressionantes de São Paulo é aquele que isola seus intelectuais do debate sobre os rumos da maior megalópole do hemisfério Sul.
Na cidade de São Paulo encontra-se, por exemplo, a mais importante universidade da América Latina, responsável por algo em torno de 25% das pesquisas acadêmicas desenvolvidas no país. Só para se ter uma ideia desse peso proporcional, a mais importante universidade dos Estados Unidos (Harvard) responde por apenas 3% da pesquisa realizada nas universidades norte-americanas.
A cidade, no entanto, costuma não ouvir sua maior universidade quando procura por ideias e soluções para seus problemas. Ela despreza parte significativa de sua inteligência e não sabe utilizar a força crítica de seus acadêmicos a seu favor.
As inúmeras pesquisas desenvolvidas pela universidade sobre política cultural, planejamento urbano, impacto de medidas de segurança, problemas em práticas educacionais e políticas de direitos humanos são vistas pelos poderes públicos com desconfiança, já que nem sempre elas são laudatórias.
Um novo momento da política brasileira passa necessariamente pela definição de relações entre administradores que devem resolver problemas públicos complexos e intelectuais independentes que marcaram sua atuação profissional pela procura em aprimorar sua capacidade crítica.
Muitos temem que isso seja uma forma insidiosa de "cooptação". Melhor seria lembrar que todos os países que realizaram verdadeiro desenvolvimento social só o conseguiram quando tiveram figuras públicas dispostas a escutar o que seus intelectuais e artistas tinham a dizer -mesmo que essas falas nem sempre fossem música para os ouvidos dos que estão do outro lado. Há uma escuta do dissenso que deve ser aprendida.
No momento em que o poder público volta a enxergar os muros da cidade, a universidade pode ser um importante ator de transformação social.
Se parte significativa da inteligência nacional está em São Paulo, é burrice continuar ignorando-a a fim de repetir os erros de sempre.
Colocando-se para além dos partidos e das filiações partidárias, ela sempre teve um poder de transformação menosprezado. Não há por que dar sequência a esse menosprezo.

segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Todo dia é Dia (Nacional) do Livro





          O dia 29 de outubro foi escolhido como Dia Nacional do Livro em homenagem à fundação da Biblioteca Nacional, que ocorreu em 1810. Só a partir de 1808, quando D. João VI fundou a Imprensa Régia, o movimento editorial começou no Brasil. O primeiro livro publicado aqui foi “Marília de Dirceu”, de Tomás Antônio Gonzaga, mas nessa época, a imprensa sofria a censura
do Imperador. Só na década de 1930 houve um crescimento editorial, após a fundação da Companhia Editora Nacional pelo escritor Monteiro Lobato, em outubro de 1925.

A Origem do Livro

           Os textos impressos mais antigos foram orações budistas feitas no Japão por volta do ano 770. Mas desde o século II, a China já sabia fabricar papel, tinta e imprimir usando mármore entalhado. Foi então, na China, que apareceu o primeiro livro, no ano de 868.

           Na Idade Média, livros feitos à mão eram produzidos por monges que usavam tinta e bico de pena para copiar os textos religiosos em latim. Um pequeno livro levava meses para ficar pronto, e os monges trabalhavam em um local chamado “Scriptorium”.
 
 
 
Fonte: http://www.anarquista.net
 

terça-feira, 23 de outubro de 2012

A religião doutrina, o Estado oprime e a mídia manipula.

Logo no primeiro ano do curso de Letras, na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humana da Universidade de São Paulo, tive contato com os textos de Noam Chomsky, um dos mais respeitados linguistas de todos os tempos. O mais bacana foi começar a relacionar as questões linguísticas àquelas do cotidiano e começar a perceber que o curso de Letras é muito mais que estudar determinada língua. Segue então um fragmento que mostra o comprometimento do estudo de uma língua com seu tempo, sua sociedade e com a verdade, em que os grandes interesses neoliberais capitalistas não assumem o caráter mandatório tão presente em toda sociedade e cursos universitários espalhados por aí.

Boa leitura!


O linguista estadunidense Noam Chomsky elaborou uma lista das “10 estratégias de  manipulação” através da mídia:


1- A ESTRATÉGIA DA DISTRAÇÃO: O elemento primordial do controle social é a estratégia da distração que consiste em desviar a atenção do público dos problemas importantes e das mudanças decididas pelas elites políticas e econômicas, mediante a técnica do dilúvio ou inundações de contínuas distrações e de informações insignificantes. A estratégia da distração é igualmente indispensável para impedir ao público de interessar-se pelos conhecimentos essenciais, na área da ciência, da economia, da psicologia, da neurobiologia e da cibernética. “Manter a atenção do público distraída, longe dos verdadeiros problemas sociais, cativada por temas sem importância real. Manter o público ocupado, ocupado, ocupado, sem nenhum tempo para pensar; de volta à granja como os outros animais” (citação do texto ‘Armas silenciosas para guerras tranqüilas’). 


11 de Setembro de 2001
2- CRIAR PROBLEMAS, DEPOIS OFERECER SOLUÇÕES: Este método também é chamado “problema-reação-solução”. Cria-se um problema, uma “situação” prevista para causar certa reação no público, a fim de que este seja o mandante das medidas que se deseja fazer aceitar. Por exemplo: deixar que se desenvolva ou se intensifique a violência urbana, ou organizar atentados sangrentos, a fim de que o público seja o mandante de leis de segurança e políticas em prejuízo da liberdade. Ou também: criar uma crise econômica para fazer aceitar como um mal necessário o retrocesso dos direitos sociais e o desmantelamento dos serviços públicos.

 3- A ESTRATÉGIA DA GRADAÇÃO: Para fazer com que se aceite uma medida inaceitável, basta aplicá-la gradativamente, a conta-gotas, por anos consecutivos. É dessa maneira que condições socioeconômicas radicalmente novas (neoliberalismo) foram impostas durante as décadas de 1980 e 1990: Estado mínimo, privatizações, precariedade, flexibilidade, desemprego em massa, salários que já não asseguram ingressos decentes, tantas mudanças que haveriam provocado uma revolução se tivessem sido aplicadas de uma só vez.



4- A ESTRATÉGIA DO DEFERIDO: Outra maneira de se fazer aceitar uma decisão impopular é a de apresentá-la como sendo “dolorosa e necessária”, obtendo a aceitação pública, no momento, para uma aplicação futura. É mais fácil aceitar um sacrifício futuro do que um sacrifício imediato. Primeiro, porque o esforço não é empregado imediatamente. Em seguida, porque o público, a massa, tem sempre a tendência a esperar ingenuamente que “tudo irá melhorar amanhã” e que o sacrifício exigido poderá ser evitado. Isto dá mais tempo ao público para acostumar-se com a idéia de mudança e de aceitá-la com resignação quando chegue o momento. 

 5- DIRIGIR-SE AO PÚBLICO COMO CRIANÇAS DE BAIXA IDADE: A maioria da publicidade dirigida ao grande público utiliza discurso, argumentos, personagens e entonação particularmente infantis, muitas vezes próximos à debilidade, como se o espectador fosse um menino de baixa idade ou um deficiente mental. Quanto mais se intente buscar enganar ao espectador, mais se tende a adotar um tom infantilizante. Por quê? Se você se dirige a uma pessoa como se ela tivesse a idade de 12 anos ou menos, então, em razão da sugestionabilidade, ela tenderá, com certa probabilidade, a uma resposta ou reação também desprovida de um sentido crítico como a de uma pessoa de 12 anos ou menos de idade.



6- UTILIZAR O ASPECTO EMOCIONAL MUITO MAIS DO QUE A REFLEXÃO: Fazer uso do aspecto emocional é uma técnica clássica para causar um curto circuito na análise racional, e por fim ao sentido critico dos indivíduos. Além do mais, a utilização do registro emocional permite abrir a porta de acesso ao inconsciente para implantar ou enxertar idéias, desejos, medos e temores, compulsões, ou induzir comportamentos(ver: Subliminar ou Simbolismo?)

7- MANTER O PÚBLICO NA IGNORÂNCIA E NA MEDIOCRIDADE: Fazer com que o público seja incapaz de compreender as tecnologias e os métodos utilizados para seu controle e sua escravidão. A qualidade da educação dada às classes sociais inferiores deve ser a mais pobre e medíocre possível, de forma que a distância da ignorância que paira entre as classes inferiores às classes sociais superiores seja e permaneça impossíveis para o alcance das classes inferiores. 

8- ESTIMULAR O PÚBLICO A SER COMPLACENTE NA MEDIOCRIDADE: Promover ao público a achar que é moda o fato de ser estúpido, vulgar e inculto.

9- REFORÇAR A REVOLTA PELA AUTOCULPABILIDADE: Fazer o indivíduo acreditar que é somente ele o culpado pela sua própria desgraça, por causa da insuficiência de sua inteligência, de suas capacidades, ou de seus esforços. Assim, ao invés de rebelar-se contra o sistema econômico, o individuo se auto-desvalida e culpa-se, o que gera um estado depressivo do qual um dos seus efeitos é a inibição da sua ação. E, sem ação, não há revolução!

10- CONHECER MELHOR OS INDIVÍDUOS DO QUE ELES MESMOS SE CONHECEM:
  No transcorrer dos últimos 50 anos, os avanços acelerados da ciência têm gerado crescente brecha entre os conhecimentos do público e aquelas possuídas e utilizadas pelas elites dominantes. Graças à biologia, à neurobiologia e à psicologia aplicada, o “sistema” tem desfrutado de um conhecimento avançado do ser humano, tanto de forma física como psicologicamente. O sistema tem conseguido conhecer melhor o indivíduo comum do que ele mesmo conhece a si mesmo. Isto significa que, na maioria dos casos, o sistema exerce um controle maior e um grande poder sobre os indivíduos do que os indivíduos a si mesmos.

Fonte: libertesedosistema.blogspot.com.br

quinta-feira, 11 de outubro de 2012

Alguma esperança, e continuo humanizado


São Paulo, 9 de outubro de 2012, Vila Olímpia, São Paulo, por volta das 13h.

Saí do trabalho para almoçar, mas desta vez, ainda sufocado pelos dias anteriores em que fui almoçar no Shopping, dado o calor na rua e a proximidade deste com o local onde venho trabalhando, decidi andar pelas ruas vizinhas a fim de encontrar algum restaurante do tipo self-service. Depois de andar um pouco, entre tantos vistos, acabei fazendo minha refeição com o custo de menos de 13 reais. Sou do tipo que come pouco, então me servir num self-service acaba sendo a melhor alternativa ao à la carte de praça de alimentação de shopping, que, em média, não sai por menos de uns 18 reais e ainda traz mais comida do que se come, normalmente, pois o que mais vejo é comida sendo jogada fora nas bandejas pela maioria das pessoas que dia a dia comem em shopping, confirmando assim que o sistema de alimentação tem muitos erros que acabam por elevar os custos e ao mesmo tempo desperdiçar bastante comida.

Então depois de comer, tentando me refrescar com um sorvete na mão, em frente ao estabelecimento ainda, tive a visão de um cara, negro, esguio, aparentando mais ou menos uns 20 anos, no máximo. Em uma das mãos, o caixote de egraxate, como há tempo não via. Na outra, a mão de uma criança, com cerca de 4 anos. Era a sua filha, pois assim ele a chamava.

Estavam, na medida do possível, bem vestidos e limpos. A menina com semblante tranquilo, olhando tudo e todos ao seu redor, mesmo com o forte calor. O pai ia abordando cada um que ali passava, apenas aqueles de sapatos, na tentativa de exercer o seu trabalho e assim, mesmo que parecendo meio fora de moda, ganhar a vida trabalhando, oferecendo um serviço em troca de algum trocado, e não mendigando como um coitado aos que por eles passavam.

E pensei "puxa vida, essa era a hora pra eu estar usando sapatos", e torcia para que algum cavalheiro que ali passava deixasse a pressa e a necessidade de subir na carreira só um pouquinho de lado para ali lustrar seus sapatos, e com certeza por um bom preço, acredito.

Mas ninguém quis olhar pra baixo e ver o reflexo de algum brilho que poderia surgir tanto nos sapatos como na alma de um qualquer bem calçado, naquele de chinelos e naquela menininha de pequenas e desgastadas sandálias infantis.

Estava quente, e ambos perambulavam pelo quarteirão, ora indo, ora vindo. E nada do brilho surgir, mesmo com um sol pra cada um ali.

Ao meu lado havia um pequeno mercado. Tinha que comprar algo pra não passar a tarde inteira sem nada no estômago. Então resolvi entrar e comprar, além daquilo que queria para mim, uma garrafa de suco. Já que eu não calçava sapatos poderia então, como um estímulo à procura do ganha-pão, oferecer uma caixa de suco bem gelada àquele que procurava por algum trabalho a fazer, mesmo debaixo de um sol forte e com sua filha ao lado o acompanhando. 

O cara do caixa então me viu entrar, abrir a geladeira, pegar uma caixa de suco de uva — sei lá por que de uva, talvez por eu gostar de suco de uva gelado — sinalizar a ele o que estava pegando e então mais que depressa fui até a rua em busca do pai engraxate e sua filha para entregar a eles aquela bebida gelada. E assim o fiz.

O sujeito aceitou, agradeceu e antes que eu desse meia volta e voltasse ao mercadinho ele me disse "moço, poderia ser de outro sabor?". Então, acostumado a viver em meio a tanta malandragem e ingratidão ao meu redor, já ia pensando "poxa, tô dando uma caixa de suco pro cara e ele ainda quer escolher o sabor!". Pensamento baseado nos meus próprios pré, anteriores, conceitos. Mas antes mesmo que chegasse ao fim desse pensamento, como aqui aconteceu em forma escrita, o sujeito já complementou: "é que o de maracujá ajuda a acalmar a menina".

Plaft!

Um tapa no meu pré, anterior, conceito! De imediato me senti mal por ter começado a julgar mal o cara, e imediatamente voltei à geladeira, troquei o suco de uva pelo muito bem e simplesmente justificado suco de maracujá e o entreguei ao rapaz. Ele se voltou para baixo e disse à filha: "olha só, filha, ganhamos do moço uma caixa de suco!". Foi quando então vi aquele brilho de sapatos lustrados nos olhos da menina, que imediatamente se refletiram em meus olhos e que de tanto brilho se espalharam pela região, embora a grande maioria que passava ali, preocupada com seus próprios brilhos apenas, sequer perceberam a luz que daquela menina surgia ao ver aquela caixa de suco, apenas um suco.

Poderia me gabar e pensar que fui sou um ótimo cara por poder oferecer tão singela caixa de suco, mas não. Então normalmente voltei ao caixa do mercado para pagar e seguir meu caminho apenas. Mas foi daí que a esperança ainda por uma cidade e pessoas melhores tomou conta de mim. O cara do caixa, provavelmente o dono, ao telefone, fez as contas e disse que cobraria apenas a metade do valor da caixa de suco, pois tinha visto toda cena, e que de alguma forma, provavelmente, fora também atingido por aquele brilho dos olhos da menina.

Mal pude agradecer o cara do caixa, pois estava ao telefone, e não queria atrapalhá-lo. Mesmo assim nosso olhares se cruzaram em forma de cooperação, com um certo espírito de que todos podem e devem fazer alguma coisa, por mais singela que ela possa parecer, porque não se sabe o quão grande, bela e importante tão singela atitude pode vir a se tornar.

E então a esperança tomou conta de mim, os olhos marejaram, um sorriso se fixou em minha face e minha alma se encheu de felicidade. Não há sensação melhor do que aquela de, mesmo que seja por um breve instante, fazer a diferença para alguém.

Ganhei o dia.


sexta-feira, 5 de outubro de 2012

A verdadeira música brasileira

Como músico, recomendo muito o apreço por tal instrumento.
Como brasileiro, resgato muito de minhas próprias origens.
Como ouvinte e espectador, bato palmas!