segunda-feira, 24 de novembro de 2008

Música e energia, pleonasmo?

A energia proporcionada por meia dúzia, ou muito mais, de notas musicais pode ter muitos significados, impactos, ações e reações, mas o relevante aqui é o que cada vibração sonora, combinada uma com a outra em diferentes freqüências, ritmos e melodias pode despertar em cada um de nós. Se no cinema há trilhas sonoras que acompanham muitas cenas, na vida é assim também, mas no que diz respeito à vida humana do nosso dia-a-dia, não há como organizar, programar e executar as músicas com a precisão e efeito desejado como quando executadas em uma determinada cena em um filme qualquer, como aquela romântica na hora do beijo de um casal, ou aquela empolgante na hora de uma perseguição policial, ou ainda aquela sinistra quando na cena está quase tudo escuro e não se sabe bem onde está o serial killer, que já assassinou todos os seus amigos que estavam se embriagando num cenário conseqüente do "sonho americano", "from the american way of life". Na vida, diferentemente dessa programação, o acaso, o destino, ou o que melhor lhe vier à mente, é que escolhe as trilhas sonoras dos nossos momentos por esse longa que se chama vida.
A música tem um imenso poder nas pessoas, aquelas humanas ainda. Ela pode marcar um momento qualquer e eternizá-lo para sempre. Pode trazer à tona lembranças. Pode emocionar instantaneamente, ou ainda muito tempo depois quando ouvida novamente. Pode fazer rir ou fazer chorar. É, ela tem poder. E por que aquela música marcou e não uma outra qualquer? Parece que é ela que escolhe, não nós. De repente a vibração sonora nos bate e algo muito original surge e explode dentro de nós. Uma sensação de prazer, embalo e de união de todos os sentidos se faz presente. E pronto. O momento foi marcado. Sempre que se ouvir aquela música ela trará consigo outras lembranças que não só a letra, melodia e ritmo próprios.
O que dizer então quando a trilha sonora de algum momento é de repente executada por aqueles que a fizeram, e ao vivo na sua frente? Energia pura. E quando executada de forma profissional, sem falhas ou imprevistos? Melhor ainda. Perfeito! A energia de um show é algo extraordinário. É arte. É sentimento. É humano. Imagine a emoção de um casal ao estarem juntos na pista depois de 20 anos e depois de construírem tantas coisas juntos quando vêem e escutam ao vivo, num jogo de luzes e cenários diferentes, aquela mesma música que 20 anos atrás se fez presente num primeiro olhar, beijo, transa, ou seja lá o que for, mas que marcou a união de um com o outro ou alguma troca de energia? Pura energia. Uma explosão de lembranças e sentimentos antigos, e novos ao mesmo tempo. E mais uma vez, tempo e espaço parecem não ser mais como aqueles percebidos através das aulas de física.
Na vida esquecemos de muitas coisas, é uma pena depender da nossa memória humana, ainda, que é falha e seletiva. Salve a tecnologia! Mas ainda bem que particularmente não consigo esquecer das energias transmitidas através das bandas que vi e ouvi ao vivo, e isso não tem cyber shot que capture. E numa paródia grosseira, mas eficaz, "não tem preço". Não saberia o que seria da minha vida sem a tal da música e tudo o que ela traz, sempre, sem se importar com o tal do tempo e espaço.
Não sei exatamente quem disse e como tomei consciência disso, mas um dia ouvi a frase que "enquanto houver música não haverá solidão". E isso é verdade.

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