segunda-feira, 29 de junho de 2009

Venda e compre um bem maior

Estando cotidianamente inserido na publicidade e propaganda, tive contato com um filme vencedor de oito leões no Festival de Cannes, prêmio dado às peças e campanhas publicitárias que se destacaram. Este filme genial pode ser visto através do link:

http://www.leoburnett.pt/work.php?id=003

O filme, para os da propaganda, ou comercial, para os que apenas assistem, conseguiu unir questões relevantes para a própria propaganda e para os envolvidos na criação e desenvolvimento dela: a necessidade de venda, como objetivo necessário e principal; e o importante papel e diferença que ela pode desempenhar no mundo de hoje: uma propaganda mais humanizada e que reflete o mundo e costumes, não somente comercial ou egocentrista em sua arte para aqueles que a fazem e trabalham com ela, afinal só existe propaganda porque existe algo a vender e um consumidor a comprar, e consumidor antes de tudo é humano, que pode sim ser incentivado através da propaganda a fazer alguma reflexão importante a cerca do mundo em que vive e não somente a ser apenas um consumidor de algum produto. E isso foi conseguido com esse filme. A ideia é fantástica: ao invés de vender uma arte num papel em forma de um cartão de Natal, o "produto" vendido substituto ao cartão é algo abstrato, mas ao mesmo tempo concretizado quando se sai com uma sacola da loja, fisicamente estruturada como uma outra qualquer que conhecemos. O "produto" vendido-comprado foi a manutenção da esperança em ajudar humanos, tanto daquelas que receberam a doação como daquelas que fizeram a doação. Aquele que comprou teve a sensação de ajudar, de ter feito um bem a outro, de ter o sentimento de felicidade e de "dever cumprido", sentimentos muito necessários para o ser humano em sua essência. Aquele que vendeu também ficou feliz, por ter vendido e por ter ficado feliz por ter visto mais um cliente satisfeito em adquirir algo que o satisfez.

Ficam duas reflexões. A primeira concerne à necessidade de existência da propaganda mais humanizada que cumpre com seu objetivo de vender partindo de uma reflexão mais humana e não apenas comercial ou artística. E a segunda que diz respeito ao fato da maioria das pessoas só enxergar a humanidade a partir de algo que as humanizem, fazendo-as perceber que o mundo e muitos nele precisam de ajuda. Já era algo para ser percebido desde os tempos de educação pelos pais até a tomada de consciência em anos escolares, ainda mais em tempos da chamada "era da informação". Ah, a educação pelos pais dentro de casa(...)! No Brasil, esta, em grande parte, é prejudicada pela constante ausência dos pais, porque estes devem trabalhar para garantir o mínimo, muitas vezes, para o sustento familiar, e também pela falta nos pais dos valores humanos essenciais para a formação de cada ser humano, deixando espaço para a infiltração e solidificação dos valores que a danosa televisão brasileira transmite e empreguina à maioria das pessoas que a vê dia após dia. Ah, a escola de hoje(...)! Mais uma vez, no Brasil, com exceção de professores-heróis e de poucos colégios caros, a educação do Estado serve muitas vezes como distração para aqueles que lá estão, dada a insuficiência de investimentos, de métodos e conteúdo.

Portanto, o espaço a preencher existe: trata-se da mente humana. E já que de algum tempo este espaço está cada vez mais vazio ou pleno de insignificâncias, no Brasil, principalmente, campanhas publicitárias como a do filme podem e devem cada vez mais tomar espaço na mídia, principalmente na televisão, a mídia mais vista pela população brasileira. Muitas vezes, para o mundo em geral, a propaganda se torna vilã, acarretando em consumo desnecessário de coisas desnecessárias, mas ao contrário, esta propaganda mais humanizada, mesmo ainda na categoria de exceção à regra, é do bem e para o bem, tanto daquele que vende quanto daquele que compra.

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