quarta-feira, 31 de outubro de 2012

Obrigado, Drummond.

Não gosto dessa de dia disso, dia daquilo... mas... não vivo numa bolha... vivo em São Paulo, onde há o universo. E gosto de Drummond.

Como no dia de hoje, 31 de outubro, foi instituído o "Dia D" – quiçá pelos "aliados" do Saci e da mais bela forma de comunicação com as letras, a poesia, contra a bruxa do Halloween –, segue um dos meus preferidos de Drummond.






A Flor e a Náusea  

Preso à minha classe e a algumas roupas,
vou de branco pela rua cinzenta.
Melancolias, mercadorias espreitam-me.
Devo seguir até o enjôo?
Posso, sem armas, revoltar-me?

Olhos sujos no relógio da torre:
Não, o tempo não chegou de completa justiça.
O tempo é ainda de fezes, maus poemas, alucinações e espera.
O tempo pobre, o poeta pobre
fundem-se no mesmo impasse.

Em vão me tento explicar, os muros são surdos.
Sob a pele das palavras há cifras e códigos.
O sol consola os doentes e não os renova.

As coisas. Que tristes são as coisas, consideradas sem ênfase.
Vomitar esse tédio sobre a cidade.
Quarenta anos e nenhum problema
resolvido, sequer colocado.
Nenhuma carta escrita nem recebida.
Todos os homens voltam para casa.
Estão menos livres mas levam jornais
e soletram o mundo, sabendo que o perdem.

Crimes da terra, como perdoá-los?
Tomei parte em muitos, outros escondi.
Alguns achei belos, foram publicados.
Crimes suaves, que ajudam a viver.
Ração diária de erro, distribuída em casa.
Os ferozes padeiros do mal.
Os ferozes leiteiros do mal.

Pôr fogo em tudo, inclusive em mim.
Ao menino de 1918 chamavam anarquista.
Porém meu ódio é o melhor de mim.
Com ele me salvo
e dou a poucos uma esperança mínima.

Uma flor nasceu na rua!
Passem de longe, bondes, ônibus, rio de aço do tráfego.
Uma flor ainda desbotada
ilude a polícia, rompe o asfalto.
Façam completo silêncio, paralisem os negócios,
garanto que uma flor nasceu.

Sua cor não se percebe.
Suas pétalas não se abrem.
Seu nome não está nos livros.
É feia. Mas é realmente uma flor.

Sento-me no chão da capital do país às cinco horas da tarde
e lentamente passo a mão nessa forma insegura.
Do lado das montanhas, nuvens maciças avolumam-se.
Pequenos pontos brancos movem-se no mar, galinhas em pânico.
É feia. Mas é uma flor. Furou o asfalto, o tédio, o nojo e o ódio.





Fonte da foto: http://www.floresyplantas.net

terça-feira, 30 de outubro de 2012

Os muros

Bom texto. Apenas acrescento, por fazer parte dela, que uma certa linha de pensamento se espalha por todos os segmentos, desde funcionários, alunos, professores e diretores, em que a própria USP vem se colocando como uma "bolha social", criando muros que a distanciam cada vez mais tanto do poder público quando da própria cidade e sociedade em geral. E os portões, físicos e virtuais, de acesso à maior universidade da América Latina, estão cada vez mais altos, mais vigiados e mais fechados à grande maioria. Uma pena.


VLADIMIR SAFATLE
Um muro
Em seu discurso da vitória na eleição para prefeito de São Paulo, Fernando Haddad lembrou dos muros da desigualdade a que a cidade está submetida. Este tema dos "muros" merece, de fato, ser mais discutido, pois eles conseguem se perpetuar ao longo das sucessivas administrações que passam pela prefeitura.
Um dos muros mais impressionantes de São Paulo é aquele que isola seus intelectuais do debate sobre os rumos da maior megalópole do hemisfério Sul.
Na cidade de São Paulo encontra-se, por exemplo, a mais importante universidade da América Latina, responsável por algo em torno de 25% das pesquisas acadêmicas desenvolvidas no país. Só para se ter uma ideia desse peso proporcional, a mais importante universidade dos Estados Unidos (Harvard) responde por apenas 3% da pesquisa realizada nas universidades norte-americanas.
A cidade, no entanto, costuma não ouvir sua maior universidade quando procura por ideias e soluções para seus problemas. Ela despreza parte significativa de sua inteligência e não sabe utilizar a força crítica de seus acadêmicos a seu favor.
As inúmeras pesquisas desenvolvidas pela universidade sobre política cultural, planejamento urbano, impacto de medidas de segurança, problemas em práticas educacionais e políticas de direitos humanos são vistas pelos poderes públicos com desconfiança, já que nem sempre elas são laudatórias.
Um novo momento da política brasileira passa necessariamente pela definição de relações entre administradores que devem resolver problemas públicos complexos e intelectuais independentes que marcaram sua atuação profissional pela procura em aprimorar sua capacidade crítica.
Muitos temem que isso seja uma forma insidiosa de "cooptação". Melhor seria lembrar que todos os países que realizaram verdadeiro desenvolvimento social só o conseguiram quando tiveram figuras públicas dispostas a escutar o que seus intelectuais e artistas tinham a dizer -mesmo que essas falas nem sempre fossem música para os ouvidos dos que estão do outro lado. Há uma escuta do dissenso que deve ser aprendida.
No momento em que o poder público volta a enxergar os muros da cidade, a universidade pode ser um importante ator de transformação social.
Se parte significativa da inteligência nacional está em São Paulo, é burrice continuar ignorando-a a fim de repetir os erros de sempre.
Colocando-se para além dos partidos e das filiações partidárias, ela sempre teve um poder de transformação menosprezado. Não há por que dar sequência a esse menosprezo.

segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Todo dia é Dia (Nacional) do Livro





          O dia 29 de outubro foi escolhido como Dia Nacional do Livro em homenagem à fundação da Biblioteca Nacional, que ocorreu em 1810. Só a partir de 1808, quando D. João VI fundou a Imprensa Régia, o movimento editorial começou no Brasil. O primeiro livro publicado aqui foi “Marília de Dirceu”, de Tomás Antônio Gonzaga, mas nessa época, a imprensa sofria a censura
do Imperador. Só na década de 1930 houve um crescimento editorial, após a fundação da Companhia Editora Nacional pelo escritor Monteiro Lobato, em outubro de 1925.

A Origem do Livro

           Os textos impressos mais antigos foram orações budistas feitas no Japão por volta do ano 770. Mas desde o século II, a China já sabia fabricar papel, tinta e imprimir usando mármore entalhado. Foi então, na China, que apareceu o primeiro livro, no ano de 868.

           Na Idade Média, livros feitos à mão eram produzidos por monges que usavam tinta e bico de pena para copiar os textos religiosos em latim. Um pequeno livro levava meses para ficar pronto, e os monges trabalhavam em um local chamado “Scriptorium”.
 
 
 
Fonte: http://www.anarquista.net
 

terça-feira, 23 de outubro de 2012

A religião doutrina, o Estado oprime e a mídia manipula.

Logo no primeiro ano do curso de Letras, na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humana da Universidade de São Paulo, tive contato com os textos de Noam Chomsky, um dos mais respeitados linguistas de todos os tempos. O mais bacana foi começar a relacionar as questões linguísticas àquelas do cotidiano e começar a perceber que o curso de Letras é muito mais que estudar determinada língua. Segue então um fragmento que mostra o comprometimento do estudo de uma língua com seu tempo, sua sociedade e com a verdade, em que os grandes interesses neoliberais capitalistas não assumem o caráter mandatório tão presente em toda sociedade e cursos universitários espalhados por aí.

Boa leitura!


O linguista estadunidense Noam Chomsky elaborou uma lista das “10 estratégias de  manipulação” através da mídia:


1- A ESTRATÉGIA DA DISTRAÇÃO: O elemento primordial do controle social é a estratégia da distração que consiste em desviar a atenção do público dos problemas importantes e das mudanças decididas pelas elites políticas e econômicas, mediante a técnica do dilúvio ou inundações de contínuas distrações e de informações insignificantes. A estratégia da distração é igualmente indispensável para impedir ao público de interessar-se pelos conhecimentos essenciais, na área da ciência, da economia, da psicologia, da neurobiologia e da cibernética. “Manter a atenção do público distraída, longe dos verdadeiros problemas sociais, cativada por temas sem importância real. Manter o público ocupado, ocupado, ocupado, sem nenhum tempo para pensar; de volta à granja como os outros animais” (citação do texto ‘Armas silenciosas para guerras tranqüilas’). 


11 de Setembro de 2001
2- CRIAR PROBLEMAS, DEPOIS OFERECER SOLUÇÕES: Este método também é chamado “problema-reação-solução”. Cria-se um problema, uma “situação” prevista para causar certa reação no público, a fim de que este seja o mandante das medidas que se deseja fazer aceitar. Por exemplo: deixar que se desenvolva ou se intensifique a violência urbana, ou organizar atentados sangrentos, a fim de que o público seja o mandante de leis de segurança e políticas em prejuízo da liberdade. Ou também: criar uma crise econômica para fazer aceitar como um mal necessário o retrocesso dos direitos sociais e o desmantelamento dos serviços públicos.

 3- A ESTRATÉGIA DA GRADAÇÃO: Para fazer com que se aceite uma medida inaceitável, basta aplicá-la gradativamente, a conta-gotas, por anos consecutivos. É dessa maneira que condições socioeconômicas radicalmente novas (neoliberalismo) foram impostas durante as décadas de 1980 e 1990: Estado mínimo, privatizações, precariedade, flexibilidade, desemprego em massa, salários que já não asseguram ingressos decentes, tantas mudanças que haveriam provocado uma revolução se tivessem sido aplicadas de uma só vez.



4- A ESTRATÉGIA DO DEFERIDO: Outra maneira de se fazer aceitar uma decisão impopular é a de apresentá-la como sendo “dolorosa e necessária”, obtendo a aceitação pública, no momento, para uma aplicação futura. É mais fácil aceitar um sacrifício futuro do que um sacrifício imediato. Primeiro, porque o esforço não é empregado imediatamente. Em seguida, porque o público, a massa, tem sempre a tendência a esperar ingenuamente que “tudo irá melhorar amanhã” e que o sacrifício exigido poderá ser evitado. Isto dá mais tempo ao público para acostumar-se com a idéia de mudança e de aceitá-la com resignação quando chegue o momento. 

 5- DIRIGIR-SE AO PÚBLICO COMO CRIANÇAS DE BAIXA IDADE: A maioria da publicidade dirigida ao grande público utiliza discurso, argumentos, personagens e entonação particularmente infantis, muitas vezes próximos à debilidade, como se o espectador fosse um menino de baixa idade ou um deficiente mental. Quanto mais se intente buscar enganar ao espectador, mais se tende a adotar um tom infantilizante. Por quê? Se você se dirige a uma pessoa como se ela tivesse a idade de 12 anos ou menos, então, em razão da sugestionabilidade, ela tenderá, com certa probabilidade, a uma resposta ou reação também desprovida de um sentido crítico como a de uma pessoa de 12 anos ou menos de idade.



6- UTILIZAR O ASPECTO EMOCIONAL MUITO MAIS DO QUE A REFLEXÃO: Fazer uso do aspecto emocional é uma técnica clássica para causar um curto circuito na análise racional, e por fim ao sentido critico dos indivíduos. Além do mais, a utilização do registro emocional permite abrir a porta de acesso ao inconsciente para implantar ou enxertar idéias, desejos, medos e temores, compulsões, ou induzir comportamentos(ver: Subliminar ou Simbolismo?)

7- MANTER O PÚBLICO NA IGNORÂNCIA E NA MEDIOCRIDADE: Fazer com que o público seja incapaz de compreender as tecnologias e os métodos utilizados para seu controle e sua escravidão. A qualidade da educação dada às classes sociais inferiores deve ser a mais pobre e medíocre possível, de forma que a distância da ignorância que paira entre as classes inferiores às classes sociais superiores seja e permaneça impossíveis para o alcance das classes inferiores. 

8- ESTIMULAR O PÚBLICO A SER COMPLACENTE NA MEDIOCRIDADE: Promover ao público a achar que é moda o fato de ser estúpido, vulgar e inculto.

9- REFORÇAR A REVOLTA PELA AUTOCULPABILIDADE: Fazer o indivíduo acreditar que é somente ele o culpado pela sua própria desgraça, por causa da insuficiência de sua inteligência, de suas capacidades, ou de seus esforços. Assim, ao invés de rebelar-se contra o sistema econômico, o individuo se auto-desvalida e culpa-se, o que gera um estado depressivo do qual um dos seus efeitos é a inibição da sua ação. E, sem ação, não há revolução!

10- CONHECER MELHOR OS INDIVÍDUOS DO QUE ELES MESMOS SE CONHECEM:
  No transcorrer dos últimos 50 anos, os avanços acelerados da ciência têm gerado crescente brecha entre os conhecimentos do público e aquelas possuídas e utilizadas pelas elites dominantes. Graças à biologia, à neurobiologia e à psicologia aplicada, o “sistema” tem desfrutado de um conhecimento avançado do ser humano, tanto de forma física como psicologicamente. O sistema tem conseguido conhecer melhor o indivíduo comum do que ele mesmo conhece a si mesmo. Isto significa que, na maioria dos casos, o sistema exerce um controle maior e um grande poder sobre os indivíduos do que os indivíduos a si mesmos.

Fonte: libertesedosistema.blogspot.com.br

quinta-feira, 11 de outubro de 2012

Alguma esperança, e continuo humanizado


São Paulo, 9 de outubro de 2012, Vila Olímpia, São Paulo, por volta das 13h.

Saí do trabalho para almoçar, mas desta vez, ainda sufocado pelos dias anteriores em que fui almoçar no Shopping, dado o calor na rua e a proximidade deste com o local onde venho trabalhando, decidi andar pelas ruas vizinhas a fim de encontrar algum restaurante do tipo self-service. Depois de andar um pouco, entre tantos vistos, acabei fazendo minha refeição com o custo de menos de 13 reais. Sou do tipo que come pouco, então me servir num self-service acaba sendo a melhor alternativa ao à la carte de praça de alimentação de shopping, que, em média, não sai por menos de uns 18 reais e ainda traz mais comida do que se come, normalmente, pois o que mais vejo é comida sendo jogada fora nas bandejas pela maioria das pessoas que dia a dia comem em shopping, confirmando assim que o sistema de alimentação tem muitos erros que acabam por elevar os custos e ao mesmo tempo desperdiçar bastante comida.

Então depois de comer, tentando me refrescar com um sorvete na mão, em frente ao estabelecimento ainda, tive a visão de um cara, negro, esguio, aparentando mais ou menos uns 20 anos, no máximo. Em uma das mãos, o caixote de egraxate, como há tempo não via. Na outra, a mão de uma criança, com cerca de 4 anos. Era a sua filha, pois assim ele a chamava.

Estavam, na medida do possível, bem vestidos e limpos. A menina com semblante tranquilo, olhando tudo e todos ao seu redor, mesmo com o forte calor. O pai ia abordando cada um que ali passava, apenas aqueles de sapatos, na tentativa de exercer o seu trabalho e assim, mesmo que parecendo meio fora de moda, ganhar a vida trabalhando, oferecendo um serviço em troca de algum trocado, e não mendigando como um coitado aos que por eles passavam.

E pensei "puxa vida, essa era a hora pra eu estar usando sapatos", e torcia para que algum cavalheiro que ali passava deixasse a pressa e a necessidade de subir na carreira só um pouquinho de lado para ali lustrar seus sapatos, e com certeza por um bom preço, acredito.

Mas ninguém quis olhar pra baixo e ver o reflexo de algum brilho que poderia surgir tanto nos sapatos como na alma de um qualquer bem calçado, naquele de chinelos e naquela menininha de pequenas e desgastadas sandálias infantis.

Estava quente, e ambos perambulavam pelo quarteirão, ora indo, ora vindo. E nada do brilho surgir, mesmo com um sol pra cada um ali.

Ao meu lado havia um pequeno mercado. Tinha que comprar algo pra não passar a tarde inteira sem nada no estômago. Então resolvi entrar e comprar, além daquilo que queria para mim, uma garrafa de suco. Já que eu não calçava sapatos poderia então, como um estímulo à procura do ganha-pão, oferecer uma caixa de suco bem gelada àquele que procurava por algum trabalho a fazer, mesmo debaixo de um sol forte e com sua filha ao lado o acompanhando. 

O cara do caixa então me viu entrar, abrir a geladeira, pegar uma caixa de suco de uva — sei lá por que de uva, talvez por eu gostar de suco de uva gelado — sinalizar a ele o que estava pegando e então mais que depressa fui até a rua em busca do pai engraxate e sua filha para entregar a eles aquela bebida gelada. E assim o fiz.

O sujeito aceitou, agradeceu e antes que eu desse meia volta e voltasse ao mercadinho ele me disse "moço, poderia ser de outro sabor?". Então, acostumado a viver em meio a tanta malandragem e ingratidão ao meu redor, já ia pensando "poxa, tô dando uma caixa de suco pro cara e ele ainda quer escolher o sabor!". Pensamento baseado nos meus próprios pré, anteriores, conceitos. Mas antes mesmo que chegasse ao fim desse pensamento, como aqui aconteceu em forma escrita, o sujeito já complementou: "é que o de maracujá ajuda a acalmar a menina".

Plaft!

Um tapa no meu pré, anterior, conceito! De imediato me senti mal por ter começado a julgar mal o cara, e imediatamente voltei à geladeira, troquei o suco de uva pelo muito bem e simplesmente justificado suco de maracujá e o entreguei ao rapaz. Ele se voltou para baixo e disse à filha: "olha só, filha, ganhamos do moço uma caixa de suco!". Foi quando então vi aquele brilho de sapatos lustrados nos olhos da menina, que imediatamente se refletiram em meus olhos e que de tanto brilho se espalharam pela região, embora a grande maioria que passava ali, preocupada com seus próprios brilhos apenas, sequer perceberam a luz que daquela menina surgia ao ver aquela caixa de suco, apenas um suco.

Poderia me gabar e pensar que fui sou um ótimo cara por poder oferecer tão singela caixa de suco, mas não. Então normalmente voltei ao caixa do mercado para pagar e seguir meu caminho apenas. Mas foi daí que a esperança ainda por uma cidade e pessoas melhores tomou conta de mim. O cara do caixa, provavelmente o dono, ao telefone, fez as contas e disse que cobraria apenas a metade do valor da caixa de suco, pois tinha visto toda cena, e que de alguma forma, provavelmente, fora também atingido por aquele brilho dos olhos da menina.

Mal pude agradecer o cara do caixa, pois estava ao telefone, e não queria atrapalhá-lo. Mesmo assim nosso olhares se cruzaram em forma de cooperação, com um certo espírito de que todos podem e devem fazer alguma coisa, por mais singela que ela possa parecer, porque não se sabe o quão grande, bela e importante tão singela atitude pode vir a se tornar.

E então a esperança tomou conta de mim, os olhos marejaram, um sorriso se fixou em minha face e minha alma se encheu de felicidade. Não há sensação melhor do que aquela de, mesmo que seja por um breve instante, fazer a diferença para alguém.

Ganhei o dia.


sexta-feira, 5 de outubro de 2012

A verdadeira música brasileira

Como músico, recomendo muito o apreço por tal instrumento.
Como brasileiro, resgato muito de minhas próprias origens.
Como ouvinte e espectador, bato palmas!


quinta-feira, 4 de outubro de 2012

Blogs do além

Muito legal essa iniciativa, vale a pena conferir!

Segue uma amostra interessante.


Blogs do Além

04.10.2012 15:11

Blog do Locke: divórcio anulado

Instalar uma ideia numa sociedade é algo complicado, demorado e que exige grande energia. Não é como baixar um aplicativo ou um plug-in que em poucos segundos se transfere para o seu aparelho e já sai funcionando. Nada disso. Algumas demoram séculos para serem incorporadas. Normalmente são aquelas que propõem novos arranjos sociais.
Sou um filósofo e ideólogo do liberalismo, principal representante do empirismo britânico. Cê tava pensando que eu era Locke, bicho? Sou malandro velho.
É o caso da ideia da separação Igreja-Estado. Essa doutrina, que estabelece que instituições religiosas e governos devem ser mantidas separadas e independentes, encontrou enorme resistência até ganhar impulso no século XIX e ser adotada por vários países.
Dei minha contribuição para tanto. Em meus escritos, fiz uma defesa veemente e embasada sobre a importância da liberdade religiosa para o bom funcionamento da democracia liberal. Não pensem que foi fácil. É preciso lembrar que, no mundo medieval, a Igreja controlava tudo, desde a forma de nascer e morrer, até a maneira de pensar. E você sabe, onde há concentração de poder e riqueza, há abusos.
Por isso, sustentei que todos os homens, ao nascer, deveriam ter direitos naturais: direito à vida, à liberdade e à propriedade (lembrando que na Idade Média a Igreja possuía quase dois terços das terras da Europa Ocidental). Os governos, na minha visão, foram criados justamente para garantir esses direitos naturais. Logo, Igreja e Estado, numa democracia, não podem viver juntinhos no mesmo teto. A ideia deste divórcio é hoje uma prática em uma boa parte do planeta por força da obstinação de alguns pensadores e homens públicos que se dispuseram a enfrentar as forças clericais e absolutistas. Eu mesmo tive que fugir por duas vezes da Inglaterra como exilado político.
Fiz este longo preambulo para dizer que a corrida eleitoral para prefeito da capital paulista me deixa perplexo. Como pode, num estado laico, em pleno século XXI, a religião se tornar o tema central de uma eleição? Será que a maior cidade da américa do sul já está com suas questões materiais resolvidas e, portanto, já pode sedar ao luxo de debater só os assuntos da alma? Essa interferência da religião na política ou é um sintoma evidente de regressão ou todos chegaram a constatação de que só Deus pode resolver os problemas de São Paulo.
Leia mais em Blogs do Além.
*Postado por John Locke às 8h45

Bem sacado!














quarta-feira, 3 de outubro de 2012

Ah... a ironia!



Uso racional das tintas

http://vimeo.com/50435668

Vale a pena refletir, a partir destes sentidos da palavra:

Datação
1663 cf. VascBras

Acepções
 verbo 
transitivo direto 
1    desviar da primitiva direção, fazendo retroceder

transitivo direto e intransitivo
2    provocar reflexão (fís)

transitivo direto
3    deixar ver ou transparecer; exprimir, revelar

transitivo indireto e intransitivo
4    meditar, pensar demoradamente

transitivo indireto e pronominal
5    causar impressão generalizada; repercutir-se, transmitir-se

transitivo indireto e pronominal
6    recair sobre; incidir


Etimologia
lat. reflecto,is,éxi,éxum,ectère 'recurvar, vergar, dobrar', com mudança de conjugação; ver flex-; f.hist. 1663 reflectir

Sinônimos
apreciar, apreender, atender, atentar, bolar, cismar, cogitar, congeminar, considerar, cucar, examinar, imaginar, magicar, maginar, matutar, medir, meditar, notar, observar, parafusar, pensar, pesar, ponderar, reconsiderar, reflexionar, remascar, remoer, remorder, reparar, ruminar, ver, verificar; ver tb. sinonímia de manifestar e repercutir


Fonte: Houaiss.

Um recomeço. Mais um?

Sim, mais um! E daí?!

O que é a vida senão uma série de recomeços? 

A natureza é assim, nosso calendário é baseado no dia e noite que se sucedem constantemente, regularmente, em que um dia é seguido de uma noite, que é seguida de outro dia... até que... até que a noite ou o dia não venha.

"Na natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma." 

Lei da Conservação das Massas foi publicada pela primeira vez em 1760, em um ensaio de Mikhail Lomonosov. No entanto, a obra não repercutiu na Europa Ocidental, cabendo ao francês Antoine Lavoisier o papel de tornar mundialmente conhecido o que hoje se chama Lei de Lavoisier. E tal lei realmente parece funcionar em nosso habitat.

Então por que não aceitá-la e naturalmente praticar a e à mudança? Por que não entender, ou aceitar, que aquilo que não se modifica parece haver algo de errado? Tudo se transforma, então por que as pessoas não aceitam suas próprias tranformações, tantos físicas quanto psíquicas? 

Talvez porque estão cegas por conta das influências exteriores, que pregam a imutabilidade, a permanente jovialidade, o permanente estado de liturgia. Assim, pra quem interessa, e são muitos, nada deve mudar. 

E o tempo passa, a ganância só aumenta e o que importa parece não mais importar. 
Não pra mim! E pra você?