Mais uma vez, época de Natal. As mesmas coisas: pisca-pisca, papai-noel assando dentro de uma roupa horrível para padrões tropicais-brasileiros, panetone (parte boa, deveria existir durante todo o ano), 25 de março lotada, repassando a cultura do bom e barato, vendendo muitas coisas quase descartáveis e desnecessárias, mas que faz a economia girar um pouco, afinal, em época de crise, é o que mais importa, não é?!!! Mesmo que acabe por incentivar uma série de práticas irregulares no decorrer de todo o processo, desde a produção até a compra do produto pelo consumidor. Como a produção de roupas no centro de São Paulo, com base na mão-de-obra escrava estrangeira, na maioria de bolivianos, principalmente, e de provenientes de outros países mais pobres da América do Sul. Enganados pela idéia de melhorar de vida, embarcam rumo ao Brasil, São Paulo mais especificamente, para a exploração e privação de quase todos seus direitos. Mas o que importa mesmo é poder comprar um calça jeans a 15,00 reais. Quem sabe comprar um monte e revender? Dessa forma compactuando fortemente com todo o sistema. Pois uma coisa é ganhar pouco e ter que comprar uma calça feita à base de mão-de-obra escrava porque se não comprar essa não poderá comprar nenhuma outra. Contudo, comprar um monte delas visando lucro já é algo diferente.
Mas que nada, é Natal! Vamos esquecer tudo e comemorar algo, se enchendo de bebida até o corpo não mais aguentar, pois a cada ano que passa está cada vez mais distante o verdadeiro "espírito do Natal". E não precisa ser cristão para observar este "espírito do Natal", uma reflexão sobre o que aconteceu durante todo o ano, rever os valores e tentar não cometer os mesmo erros e vícios, assim como estar mais perto daqueles que gostamos, ou ajudar alguém que esteja precisando, enfim, tentar viver sem prejudicar ninguém ao mesmo tempo de não explorar ninguém, ou levar vantagem, passar alguém para trás, tudo isso não está somente vinculado ao cristianismo. De fato posso ser um bom cidadão mesmo sendo agnóstico, ateu ou simplesmente laico.
Mas é Natal. Vamos aos shoppings lotados em busca de presentes incentivados pela propaganda. Vamos gastar combustível e poluir mais o ar em busca de uma vaga no estacionamento. Depois observar os desfiles de grifes tanto nas pessoas como nas vitrines, depois comer um fast-food qualquer e então voltar para o carro, depois de ter pago o estacionamento - que nesta época do ano tem reajuste - cheio de sacolas e felizes, por ter realizado a melhor das terapias contra a depressão, segundo muitos por aí: ir às compras. Daí enfrentar um trânsito cada vez mais caótico até conseguir chegar em casa, ligar a televisão e se autodesligar, principalmente de si mesmo. Ah, se toda tristeza fosse apagada de vez quando se enche as mãos de sacolas.
Mas é Natal!
Para os que acreditam e para aqueles que não acreditam, não importa, queria mesmo é que o Papai Noel morresse em detrimento do nascimento (ou da volta) Daquele que, se esteve por aqui ou não, esta não é a questão, deixou algo de valor, que aconteceu ou não segundo os escritos, que mesmo depois de 2008 anos é lembrado, cultuado, amado e ao mesmo tempo esquecido, e que de fato em nome dele ou não poderia ser mais praticado entre os humanos, tornando sim a vida um pouco menos dolorosa e mais eperançosa aqui na Terra.
Mas é Natal. E que possa ser feliz, se não a todos, para a maioria.
2 comentários:
Hélder, me identifiquei muito com teu post... Sempre vejo essas "festas" de final de ano como um ode ao consumo... Aquele mar de gente na 25... Um absurdo!!!
Bom poder estar com a família, ver os amigos, e acima de tudo, estar tranqüilo neste período do ano, independente de como tenha sido o ano... O ideal é sempre andar pra frente, não é?
Meu, que você e sua família tenha muita paz e saúde... Acho que isso é a única coisa válida nestas festas de fim de ano...
Abração!!!
Posso colocar um "[2]" depois de todo esse post?! É, são coisas que passam muito pela minha cabeça também...muito mesmo. Coisas que estão por trás do "espírito de natal"...que fazem com que o natal não seja mais muito bom como eu te disse, como era na infância, e seja somente...bom. Bom por ter a família aqui, num momento raro...bom e triste, bom e nostálgico, enfim...um misto de sentimentos antagônicos se apoderam de mim no natal...
"Então é Natal...e o que você fez...o ano termina e nasce outra vez..."
É...concordo tanto, tanto com você, Juds. JUSTO. Huhahuehuhau. =]
Beijos, querido.
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